A oitava etapa do Championship Tour teve tudo o que se espera de uma prova deste “gabarito”. Fica com algumas “anotações” sobre a oitava etapa do ano…

Filipe Toledo está claramente muito acima de todos os outros competidores este ano. Depois de ter ameaçado o título várias vezes, o líder do ranking está quase 10k pontos à frente do segundo classificado e com um bocadinho mais de sorte e boa vontade poderia ter conquistado também as etapas de G-Land e El Salvador. No Brasil foi simplesmente implacável em todo o tipo de condições, o que culminou numa combinação do seu adversário na final. Já garantido na finalíssima, não só é o principal candidato ao título como será uma grande injustiça se não se sagrar campeão mundial este ano!

O julgamento foi menos polémico, mas pelas razões erradas. Depois de várias etapas em que muitos sentiram que os surfistas brasileiros estava a ser prejudicados, desta vez as decisões que podiam ter dado que falar aparentemente não foram tão graves. Dois “bons” exemplos aconteceram no heat 1 do round de 16, Jack Robinson VS Mateus Herdy e no heat 2 dos quartos de final, Ítalo Ferreira VS Miguel Pupo. No primeiro Jack parecia ter virado o heat na última onda mas não recebeu a nota por apenas 0.7 apesar de ter encaixado duas boas manobras na maior onda do heat. Se a situação fosse inversa a internet iria certamente “pegar” fogo. Também Ítalo virou o heat mesmo no fim, com um ollie full rotation e um par de manobras, mas como foi sobre um conterrâneo, Pupo, a “conversa” ficou por aí.

João Chianca é claramente o surfista mais azarado do ano. Depois de ter pedido em Pipeline e Bells para John John Florence com as altíssimas médias de 16.74 e 17.73 pontos e mais dois heats no round 3 por menos de um ponto, a história repetiu-se como wildcard em Saquarema para Ethan Ewing numa bateria de notas altas por menos de 0.1 pontos. Chumbo provou que se há um surfista que merecia ter escapado ao “cut”, é ele.

Carissa Moore voltou às vitórias mas a pressão da geração mais nova é real. Depois de quase ter perdido no round e para a wildcard Sol Aguirre, Moore foi avançando até à final, onde quase perdeu. De facto, Johanne Defay, talvez a melhor surfista do tour feminino no momento em picos com esquerdas, esteva a vencer a final, o que lhe iria garantir a liderança do circuito, até à onda “milagrosa” de 9.5 pontos de Carissa nos segundos finais. E muito perto estão surfistas como Lakey Peterson, Brisa Hennessy e Tatiana Weston-Webb, seguidas de uma geração muito mais nova que ainda não está a dar cartas no tour mas tem potencial de lá chegar em breve. Será que a havaiana consegue segurar a lycra amarela até ao fim?

Outra surpresa no evento foi Gabriel Medina que, pela primeira vez em muito tempo não parecia o seu habitual “sharp” em competição. Depois de perder em 3º no round 1, esperava-se algo melhor na fase seguinte e, apesar de ter começado bem, acabou por perder por mais de 5 pontos para um rookie, contraindo ainda uma lesão no processo que o vai deixar de fora pelo menos mais uma etapa.
Para terminar, será que Kelly Slater já está arrependido de não se ter reformado depois da vitória em Pipeline? O norte-americano falou disso no último dia do Pipeline Pro mas a tentação foi mais forte e manteve-se no tour. Desde aí só passou do round 3 uma vez, e já voltou a usar a “cartada” de estar lesionado, faltando a duas etapas que não lhe interessavam pelo tipo de ondas, mas parecia estar em boa forma nas sessões de free surf em Uluwatu pelo que se vê em diversos vídeos captados este semana em Bali. Supostamente Slater despedia-se do tour este ano mas o que é certo é que já está qualificado para o próximo ano e quase de certeza vai aparecer pelo menos na etapa de Pipeline…
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