A sensação salgada na ponta da língua nunca caberá na boca de nenhuma palavra.

Não dá para descrever o later do coração quando pisas aquela areia molhada, quando o teu arrepio é caloroso e quanto mais, o exacto segundo em que todo o teu corpo entra em total sintonia com a praia da Barra.

Aquele lugar, apesar de menos grandioso que um tubo na Praia da Areia Branca, dá lugar a um espetáculo inusitado. Um habitat que se torna mais teu do que o teu próprio quarto. Ali acontecem todos os amores que uma vida poderia pedir. Por onde hei-de começar?

Saber que aquela tua direita entra de manhã pela fresquinha e que, por vezes, tens a sorte de ter o sol como teu pequeno almoço. E as cores, as cores não cabem na tua mão. Atravessam o paredão como tu vives o teu dia. Aliás, o mar ganha o dia quando o vermelho do céu toca o azul escuro do mar. Quando o acinzentado das nuvens deixa realçar a claridade do ar. E tu, corres que nem um louco porque a tua corrida está dentro de água, junto a todos os cardumes de peixe, a todas as conchas no fundo do mar.

Surfar na Praia da Barra é, também, tudo aquilo que não deu para o olhar falar, para escrever a tempo de não fazer a mala e partir.

Sobre o autor:
Naquele mar recíproco de ondas felizes, encontrou-se. Uma vimaranense de gema que vive da água salgada e das madrugadas na estrada à procura da onda perfeita. É estudante do mestrado em Turismo e desde cedo que leva consigo uma bagagem europeia cheia de singelas histórias para contar. A vida ensinou-lhe que é preciso saber voar sem medo de não voltar, agarrar cada lufada de ar fresco como quem agarra o tempo. Porque se a vida fossem rosas, seriamos todos um jardim. E no meio dessa banalidade, quem o plantaria?

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