Depois de Jeffreys Bay, Fernando foi atrás de uma experiência mais… “África”!!

ÁFRICA – A VERDADEIRA, FINALMENTE

Cheguei a África vindo de Lisboa sem saber rigorosamente nada sobre como funciona o turismo, o tipo de programas que vale a pena fazer nem o que visitar.  A única coisa que conhecia era o que via no National Geographic mas não sabia identificar a maioria dos locais nem sonhava como lá chegar. Queria ver o máximo possível e conhecer aquilo que vale a pena e mais. Após procurar muito bem tudo o que havia, decidi que comprar ou alugar um carro ficaria incomportável financeiramente para mim, por isso decidi fazer um Overland Tour. É uma espécie de autocarro/camião que viaja de terra em terra, e inclui um guia e um cozinheiro. Vai durar 21 dias e comigo estão outras 7 pessoas de outros países. Durante os 21 dias vou estar a acampar no meio de desertos, florestas, parques nacionais, onde for.  São 21 dias, 5600km, de Cape Town até Victoria Falls, na fronteira entre o Zimbabwe e o Zâmbia

Estou habituado a dormir em hostels com outras 4, 6, 10 ou ate 20 pessoas, mas acampar não é um hábito meu, tirando festivais de música ou Costa Alentejana, que têm condições completamente diferentes. Acampar no meio de África é ao mesmo tempo muito agradável e muito desagradável: é a mais pura maneira de estar perto do meio ambiente, ouve-se tudo durante a noite, incluindo animais. Quando faz frio fica frio dentro da tenda, quando faz calor faz (muito) calor dentro da tenda; Mas o que interessa aqui são os sítios onde vou andar. Vou atravessar meia África e ver alguns dos lugares mais incríveis do Mundo!

Os primeiros dias foram basicamente viajar pela Costa Atlântica da África do Sul, até chegarmos ao Norte. No primeiro dia estivemos numa vinha, uma das muitas nesta região da África do Sul, onde tivemos um wine tasting de alguns vinhos daqui. Dizem que são dos melhores vinhos a nível mundial. Eu não percebo suficiente de vinhos para comparar, apenas sei dizer que provei e gostei!
O segundo dia de viagem foi de Trawal para Orange River, uma aldeia fronteiriça que tem um rio que divide a A.S. da Namíbia.  No terceiro dia, após entrarmos na Namíbia vimos finalmente os primeiros animais – girafas e zebras! A paisagem neste país é indescritível, pois consiste em desertos de vários tipos, demasiado brutais para tentar explicar:

O principal objectivo neste dia era ir ao Fish River Canyon. É o segundo maior Canyon do mundo, a seguir ao Grand Canyon nos EUA. Achei brutal a grandiosidade dos vales, nestes sítios dá para perceber o pequeno que somos. Todos os anos morrem pessoas que se aventuram demasiado (tal como no Grand Canyon). A tarde acabou com um por do sol sobre o Canyon. Grande tarde sem duvida.

O quarto dia serviu apenas para viajar – foram 640km em estradas de gravilha que demoraram cerca de 8/9 horas a serem percorridos, até chegarmos a Sussovlei. Durante duas noites, estive a acampar perto de Sussovlei, uma das principais atracções da Namíbia. Ficámos num parque onde cabem não mais de 30 tendas que fica situado numa zona que por ser no meio do deserto, sofre de grandes variações ambientais: quando cheguei estavam cerca de 40graus, passado uns minutos, chegou uma tempestade de um tamanho e forca assustadores. Passado 15 minutos, outra vez sol! Durante a noite veio uma nova tempestade que me deixou acordado quase toda a noite. O parque é no meio do deserto, e por perto só tem uma estacão de serviço, não há restaurantes, supermercados nem nada que se pareça!

Depois de acordar às 6.15, fomos em direcção ao famoso Sossusvlei, que é um deserto incrível, com dunas de areia fina e encarnada (por causa do ferro). Subimos a duna mais famosa, com 120 metros de altura, a Dune 45. Tem este nome porque é a 45ª duna a contar do início do parque nacional e curiosamente também fica no km 45. É um ponto obrigatório de visita na Namíbia, vale mesmo a pena. Subi em cerca de 20 minutos a parar muitas vezes para fazer palhaçadas e a tirar fotografias. Fiquei especado com a vista lá de cima durante mais de uma hora. Das melhores coisas que tenho visto.

Seguindo viagem pela estrada que foi construída no deserto, entre as dunas, fomos em direcção a um vale enorme rodeado por dunas ainda maiores. Este vale tinha o nome de deadvalley e é chamado assim porque há muitos anos, na época das chuvas ficou cheio com agua e no seu fundo cresceu vegetação. De seguida, o “lago” secou. A vegetação continua lá após mais de 900 anos, mas está morta e seca. De vez em quando, em anos de muita chuva, volta a ficar submersa, mas seca muito rapidamente porque faz demasiado calor e não existe circulação de água.  É uma sensação incrível estar rodeado de dunas gigantes sabendo o que aqui existiu! E ainda mais o é ver que à volta existe apenas um imenso deserto, muita areia e de repente surge isto!

A experiência do acampar está a ser bastante fácil, tenho-me sentido sempre bastante energético, limpo e bem alimentado (fazem-nos comida no acampamento, tendo nós que preparar os alimentos, pratos, cadeiras, etc); os acampamentos costumam ter casa de banho e chuveiro.
A pior parte, porém, tem sido ter que andar constantemente com atenção, ter muito cuidado onde ponho os pés, pois estes locais estão cheios de cobras perigosas, especialmente durante a noite, em que ando a velocidade de caracol e com uma lanterna a apontar para o chão a preparar cada passo que dou. É um stress constante mas até chega a ser engraçado ter esta pequena adrenalina. Já vi três cobras nos primeiros 4 dias.  Ontem cheguei a Swakopmund onde vou ter uma cama para dormir durante duas noites.  Swakopmund é a segunda principal cidade da Namíbia e fica mesmo junto ao Oceano Atlântico. Está construída em pleno deserto.

Sábado foi incrível, fui andar de Moto 4 durante 3 horas para o meio do deserto. Foi uma experiência verdadeiramente espectacular, andar a abrir no deserto, sem limites de velocidade nem obstáculos… Subir e descer as dunas, fazer piões, pude fazer tudo, senti-me em pleno rally Dakar, lol

Mais uma grande experiência, uma de muitas que tenho tido a sorte incrível de poder viver! Vou estar agora 4 ou 5 dias em sítios sem água nem electricidade, promete ser divertido!

Assim que conseguir, actualizo novamente…
Obrigado por lerem!!

Acompanha a viagem de Fernando Costa pelo mundo em http://portugalaroundtheworld.blogspot.pt/

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