Cheguei a Timor-Leste em Julho de 2014 para trabalhar no Projeto Nacional de Cadastro deste recente País. Vim para cá Juntamente com o Daniel Antunes, personalidade conhecida do line-up Carcavelino, e do João Alexandre, outro amigo das ondas da Linha.
Juntos, durante o período de espera em Portugal, passámos horas e noites na Internet a pesquisar qualquer indicio da possibilidade de ondas em Timor-Leste, o que se revelou difícil, sem que tivéssemos chegado a uma conclusão quanto a esta matéria. Tendo Timor passado por tempos difíceis, com 25 anos de ocupação Indonésia e bastante violência pós-independência, não é de estranhar que poucos tenham sido os surfistas que se aventuraram até estas paragens, mesmo estando aqui ao lado da Indonésia onde todos os anos milhares de turistas passam e cuja qualidade das ondas é inquestionável.
Com toda esta falta de informação a nossa única esperança eram as fotografias no Google Earth que vimos, sobretudo na Costa Sul, onde parecia haver uns reefs bem formados com alguma espuma.
Quando finalmente chegámos a Timor-Leste, andámos de um lado para o outro sempre durante os primeiros dias mal saímos do trabalho para averiguar a presença de ondas ao redor de Díli, sem que nunca tivéssemos encontrado uma ondinha com meio metro surfável que fosse. Para nos deixar ainda mais destroçados e com menos esperanças eram frequentes as pessoas “não Surfistas“ que nos diziam que em Timor-Leste não havia ondas. Certa noite, num bar em Díli, conhecemos um pessoal que trabalhava cá há alguns anos e que também fazem umas ondinhas. Falaram-nos de uma direita a saída de Díli para Oeste junto duma povoação chamada Tibar. Passaram-se alguns dias até o oceano acordar com vida (aqui entende-se por ondulação com mais de 10 cm), e lá fomos nós para a tal direita onde surfámos pela primeira vez aqui, com condições razoáveis de meio metro a um metro.
Tibar é uma direita de fundo de coral que parece funcionar melhor da meia maré até à maré cheia, comprida mas com tendência para fechar por isso a escolha das ondas é fundamentar aqui.
Com o passar do tempo descobrimos mais ondas, ao todo são 5 ondas na zona de Díli todas a funcionar com a maré a encher, 3 direitas e 2 esquerdas sendo que a minha preferida chama-se Díli Rock que fica situada à saída de Díli perto de um grande rochedo. Uma esquerda de drop difícil e bastante rasa, que pode proporcionar uns tubinhos quando as condições se reúnem.
A consistência é muito fraca para todas as ondas pois não chega muito swell aqui, parecendo haver uma relação entre os dias de surf e os dias de ondas grandes na Indonésia, coincidindo normalmente com períodos de lua cheia.
Por agora é tudo, em breve posso contar-vos sobre uma onda que descobrimos longe de Díli (penso que fomos até agora os únicos a lá surfar!), mas que da última vez que lá surfamos encontrámos um crocodilo gigante no areal a uns 2 km da onda! Posso também falar-vos sobre as crenças populares sobre os crocodilos e sobre a pesca submarina aqui que é de classe mundial!
André Campos
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