Decidimos acompanhar Filipe Jervis, Pedro Boonman e João Kopke até aos EUA. O objectivo era fugir do frio e das ondas tempestuosas de Portugal para apanhar a perfeição de Trestles e arredores….

Mas para ter os olhos em Trestles tem de se atravessar um oceano e um continente inteiro. E isso implicou, neste caso e fruto de 342 alterações de última hora nas datas de partida e chegada, andar para trás… Ou seja, de Lisboa fomos para Munique onde passámos de seis horas a entreter-nos com um ipad e um jogo cujo objectivo era abrir portas (?!?, estranho mas verdade!) para apanharmos finalmente o avião para Los Angeles, EUA.

Quase 12 horas dentro de um avião, principalmente depois de uma noite sem dormir e uma escala de 6h, teria na maioria das pessoas um efeito: sentar e dormir! Mas por qualquer razão, o efeito foi o contrário em Jervis, Boonman e Kopke… Ficaram mais excitados que tudo, e estavam as hospedeiras a dar as famosas indicações do que fazer em caso de perigo à cinco segundos e já olhavam para nós com olhos enfurecidos e a pensar que iriam ter trabalho extra naquele voo!

Mas não tiveram, não devido ao sono (expecto para Jervis que nem para comer queria acordar), mas sim devido ao mais famoso quadrado do mundo, a TV, que nos entreteve a ver filmes atrás de filmes. Pelo meio ainda se dormitou um pouco (excepto Jervis que teimava em continuar a dormir), mas o despertar foi geral quando descobrimos que o nosso avião tinha um r/c onde estavam as casa-de-banho e, ao lado destas, um tabuleiro cheio de sumos e Toblerones… Escusado será dizer que passámos o resto da viagem a comer chocolates e a ver filmes (excepto Jervis que comia chocolates e dormia).

Mas nada nos preparava para o filme que se aproximava… Depois de passarmos 2h numa fila gigantesca só para mostrar o passaporte e entrarmos oficialmente nos EUA (e onde levámos com uma chinesa à nossa frente a arrotar em algo e bom som durante uma boa meia hora), a noite já era cerrada… Mas ainda nos esperava uma viagem de 40 minutos de carro até San Clemente.

Mais surpreendente do que saires do aeroporto para te deparares de imediato com duas gigantescas limusines que recebiam um cantor famoso acompanhado da sua família, camera man e três seguranças bisontes (welcome to the USA); mais surpreendente do que os carrões que cruzam as ruas de LA (não se vêem “banheiras” ou carripanas), e quase até mais surpreendente que a antipatia da maioria dos americanos de LA, só mesmo o facto dos americanos não saberem falar… inglês! O facto dos EUA ser o país onde vivem pessoas de todo o mundo faz com que muitos postos de trabalho sejam ocupados por estrangeiros residentes nos EUA. E pelos vistos não é requisito obrigatório falares um inglês correcto… aliás nem correcto nem lá perto; assim como também não é necessário ser simpático (quando dizes boa noite e alguém te responde “hummm” não é preciso dizer muito mais). Se houve um choque cultural imediato, sem dúvida que foi este!

O segundo aconteceu quando supostamente o país onde tudo acontece desde que haja dinheiro não aceitava dinheiro para podermos levantar o carro. Só mesmo cartão de crédito e em nome do condutor. Mas como esse não passou, pediu-se para nos darem um carro sem ter o tanque cheio de gasóleo, o que baixaria o valor do depósito obrigatório, e que serviria para o cartão de crédito dar. Mas não só nos disseram que tal não era possível, como mesmo que fosse teríamos de ficar 24h à espera pois pelos vistos ao passar o cartão de crédito pela máquina só 24h depois poderiam voltar a fazê-lo!

“Ok, então aqui está o dinheiro ao vivo para pagar o depósito!”, dissemos mostrando os famosos dólares! “Sorry, we don’t acept money!”… WTF?!? Quem é que não aceita dinheiro?!? No meio disto já eram 2 da manhã, chovia a potes e nós sem carro!

A solução passou por correr as ruas de LA de bagagens às costas e parar em cada stand de aluguer de carros! “Só temos um Escalade a 80 USD por dia!…”, “Têm reserva? Não… Não temos carros sem ser com reserva prévia…”, e continuava a nossa caminhada pelas ruas de LA à chuva, ao frio e a vermos a nossa primeira noite nos EUA a ser passada no aeroporto a dormir algures…

Até que conseguimos arranjar um carro a um preço interessante (pelo menos durante 3 dias). Rapidamente metemo-nos a caminho de San Clemente onde chegámos e dormimos… Quer dizer, tentámos! O Boonman resolveu continuar ligado à corrente e passar a noite agarrado ao iphone  a navegar na net, e pelo meio olhava pela janela para ver se já era dia ou sentava-se na cama a olhar para as suas pranchas novas.

O objectivo era surfar Trestles logo no primeiro dia pois o swell ia estar perfeito para lá e, verdade seja dita, ninguém consegue dormir sabendo que essa onda está a 20 minutos de distância. Desistimos de dormir e preparámos tudo para sair, o que implicou meter quilhas, autocolantes, leash e wax em pranchas novinhas pois todos as trouxeram.

E como foi a nossa recepção em Trestles? É isso que te iremos contar na próxima crónica americana!!!

PS – Em San Clemente rapidamente a nossa opinião mudou pois não imaginam a simpatia dos californianos nesta zona… É simplesmente inacreditável e contaremos também este pormenor na próxima crónica!

Comentários

Um comentário a “Jervis, Boonam e Kopke de olhos em Trestles | Crónicas americanas | Ep. 01”

  1. 40 minutos de LAX a San Clemente ? Foi uma sorte não serem multados por SUPER EXCESSO DE VELOCIDADE.