O nosso entrevistado de edição 14 da ONFIRE (Março/Abril de 2005), Vasco “Caracol” Nogueira, é um autêntico viciado em viagens. Entre as suas longas temporadas na Indonésia e a exploração de point breaks africanos carregados de tubarões, Vasco já fez de tudo. Talvez por isso não tenhamos estranhado quando soubemos que estava a dar a volta ao mundo de carro. Curiosamente a sua prancha de surf não está incluída na bagagem nesta viagem, o que nos fez entrar em contacto com ele para saber mais sobre esta sua nova e invulgar “odisseia”!

Ouvimos dizer que estás a dar a volta ao mundo de carro, fala-nos um pouco sobre essa viagem…
Tive a sorte e a oportunidade de ser convidado para entrar num projecto inédito, que desde o início suscitou o meu interesse a nível profissional bem como pessoal. Ate à data só tinha feito viagens relacionadas com surf, sempre à volta da descoberta de mais uma onda para surfar. Desde que me lembro sempre que juntava dinheiro era para fazer uma Surftrip, fiz algumas e acho que todas contribuíram para formar a pessoa que sou hoje. Apesar da enorme realização pessoal de todas as viagens à volta do surf, sempre tive vontade e curiosidade de conhecer outros pedaços do nosso planeta que não são banhados por água e até agora vi muitos sítios e culturas que superaram as minhas expectativas. Quando iniciei esta aventura acho que dentro de mim procurava defeitos nos sítios que visitei para poder justificar todo o tempo que despendi à volta do surf, ao mesmo tempo que tentava perceber o que é que esta gente faz para se divertir quando estão rodeados de deserto!
A conclusão que chego até à data é que realmente o Homem adapta-se a tudo e consegue divertir-se e levar uma vida alegre mesmo rodeado de areia. Como dizia o velho refrão de reggae “paradise is not a place, it’s a state of mind”

Mas em que se baseia esse projecto?
Este projecto, que dá pelo nome de World Without Borders (WWb), foi idealizado pela mente brilhante do empresário entrepreneur Andrey Kiselev e consiste numa viagem à volta do mundo de carro com o objectivo de investigar a viabilidade de um mundo sem fronteiras num futuro próximo.
Imaginemos que um dia poderemos circular livremente pelo nosso planeta sem fronteiras, sem muros, sem racismo, sem preconceito. Será possível? Será utopia? Se possível, acabará com a cultura e identidade dos diferentes povos? Ou conseguiremos preservar as tradições num mundo sem fronteiras?  É o debate que estamos a criar e temos recolhido opiniões com representantes de todos os países em que passarmos nesta volta ao mundo. Vamos ouvir e recolher depoimentos de pessoas das mais variadas profissões e estilos de vida. Iremos entrevistar desde artistas, líderes de opinião, cientistas, bem como pessoas que promovem a iniciativa, criatividade, inovação e sustentabilidade do nosso pequeno planeta.

Em que países já viste boas ondas?
Em vários, o Brasil, por exemplo,  tem uma costa linda, água quente e ambiente tropical, é engraçado olhar para o Atlântico da outra margem. No trecho de costa que fizemos de carro vi imensas baías rodeadas por falésias, praias lindas e ondas em todas as pontas mais a leste. De facto o ambiente tropical e o bom tempo faz com que haja sempre imensas actividades náuticas pela costa toda.
Na Argentina a costa do lado norte é um bocado industrializada demais para o meu gosto mas em geral o país tem altas ondas e vê-se que o surf está cada vês mais popular.
O Uruguai foi o sítio que mais me surpreendeu porque nunca tinha ouvido falar das suas ondas. É um país lindo, com montes verdes e baías com praias de areia branca, vi algumas ondas mas não vi nem um surfista. Em geral é um sítio barato para se viajar e as pessoas são de uma simpatia sem igual. Tivemos a sorte de fazer alguns amigos e conhecer mais de perto a cultura local. É sem duvida um destino para uma Surftrip.
Já no Chile, do frio da Patagonia até ao calor do deserto de Atacama, vi uma costa imponente e diversificada à grande escala que faz-nos sentir pequenos, rodeados de tantos vulcões e manifestações da natureza. Ondas boas não vi,  mas vi grande potencial mas é certamente um sítio onde há ondas por dar nome. Nota 10 para o país, pessoas e claro, para os melhores bifes que comi na vida.
O Peru foi o país que mais me custou estar só de passagem, sem prancha para surfar, vi ondas lindas e por azar todos os sítios que vi ondas estava glass, com ondas de metro e meio e sem crowd, quase desesperei. Nas zonas que passei achei que a costa não é muito bonita, parece uma pedreira em ponto grande, mas ondas boas vi em quantidade e qualidade.

Vais passar em outros sítios onde já sabes que há boas ondas?

Vamos ver, mas tenho alguma curiosidade em ver o sul da Arábia, Iémen e Oman que são banhados pelo Índico, talvez ate haja ondas no Irão, Paquistão e Índia, mas onde tenho mais expectativa é na costa Chinesa.

Até agora onde já conseguiste surfar?
Atá agora só no Brasil, foi o único sitio que tivemos algum tempo disponível enquanto esperámos o desalfandegamento do carro que vinha de Miami de barco.

Como é viajar sem prancha de surf?
É estranho, parece que me falta um membro, mas por outro lado só me faz valorizar mais o facto de viver junto ao mar e de ter tido a oportunidade de conhecer e praticar o mais recompensador dos desportos, na minha opinião claro.

Está nos planos uma mega Surftrip quando este projecto estiver concluído?

Está. Assim que possível vou agarrar nas minhas pranchas, na minha mulher maravilhosa, que tomou conta dos nossos filhos sozinha e que me esperou com tanta paciência sem fugir com o “homem da TV Cabo”, vou embalar também os meus três filhos e vamos em rumaria para a mini casinha que temos numa praia em Bali desde o ano 2000 e que tanto gostamos!

Podes saber mais sobre este projecto e acompanhar esta viagem através deste LINK!

Comentários

2 comentários a “Vasco “Caracol” | Um surfista a dar a volta ao mundo sem prancha | Mini-Entrevista”

  1. Gonçalo diz:

    estive no Omã. Nao o tempo suficiente para ver grandes ondas mas sei que ha la algumas identificadas ja. Certamente haverá mais por conhecer pois é um pais ainda pouco explorado actualmente, dadas as suas caracteristicas.

  2. MANEL diz:

    QUE CAMONE