Será que todos os surfistas profissionais dão o devido valor ao privilégio que é ser pago para fazer surf? O mais provável é que muitos dos mais bem patrocinados/mimados deem essa vida de sonho por garantida e uma percentagem pequena deles acaba por fazer más decisões que prejudicam as suas carreiras. A ONFIRE escolheu 5 surfistas que fizeram um bom trabalho a sabotar as suas carreiras…

Bobby Martinez

Bobby é o caso mais recente e mais mediático do grupo, mas o seu historial vinha de trás. Durante o Quiksilver Pro New York, em 2011, o californiano deu a facada final na sua carreira na WSL ao dar uma entrevista pós-heat a insultar o formato, circuito e a organização. Ao fim de 5 fucks em directo, anunciou a sua retirada no fim do evento mas nem chegou ao heat seguinte pois foi suspenso e multado. Esse momento aconteceu em grande parte devido ao formato que a ASP, actual WSL, adoptou na altura, que foi muito criticado e não durou. Mas não era o primeiro “tiro no pé” de Bobby. Poucos anos antes, quando o seu contrato com a REEF chegou ao fim, Martinez fez uma proposta de renovação que a marca achou alta para a conjuntura da época e aí acabou essa relação de muitos anos. Meses mais tarde Bobby tentou voltar atrás mais aí “o comboio já tinha saído da estação”. Desde aí até hoje Martinez nunca mais teve um patrocínio à altura do seu surf e a sua imagem começou a cair, nunca mais recuperando o hype que teve poucos anos antes.

Charly Martin

O talentoso surfista da Ilha Guadelupe era um dos grandes nomes da sua geração e sempre teve patrocínios à altura. Durante anos foi um dos meninos de ouro da O’Neill Europa, que chegou a diminuir muitos outros contratos para o manter na equipa. De seguida Charly passou para a Nike, que era uma espécie de dream team de surf mas que mais tarde foi absorvido pela Hurley, que pertence ao mesmo grupo. Ainda nos anos da Nike, Martin meteu-se num sarilho desnecessário e pagou o preço. Foi durante uma etapa do QS na Escócia que Charly e os seus amigos tiveram uma desavença com os “nativos” o que fez com que este surfista andasse “armado” de faca. A policia local cruzou-se com ele e encontrou a arma, levando-o a tribunal. Um jornalista inglês soube da história e fez um artigo que chegou aos ouvidos dos executivos da Nike. Pouco tempo depois a marca despediu-o com justa causa e até hoje, cerca de 6 anos depois, Charly nunca mais teve um main sponsor.

Jihad Kohdr

O nome deste surfista brasileiro, filho de pai libanês, acendia luzes vermelhas em qualquer aeroporto dos EUA antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001 e a partir daí piorou drásticamente. Quando entrou para o Championship Tour Jihad era patrocinado pela Quiksilver e teve a infeliz ideia de pintar uma imagem de Bin Laden na parte debaixo de uma das suas pranchas. A brincadeira não foi nada bem vista pelos surfistas norte-americanos, e coincidência ou não, no ano seguinte Kohdr seria despedido da marca, acabando assim a relação com o que seria o último patrocínio internacional da sua carreira. Uns anos antes o power surfer de Matinhos já tinha sido envolvido em polémica quando deliberadamente faltou a um teste anti-doping obrigatório na última etapa do circuito brasileiro e perdeu o título nacional como consequência.

Kalani Robb

Kalani foi considerado como o possível sucessor a Kelly Slater. Robb qualificou-se para o CT muito jovem e apesar de ter tido bons momentos como competidor foi nos filmes de Taylor Steele que deixou a sua marca. Os patrocínios nunca faltaram, Kalani passou da Billabong para a Rusty, seguiu para uma “start up” carregada de dólares (NSU) e passou para a FOX, sendo o primeiro grande patrocinado na área de surf. Pago o seu peso em ouro, a vida era fácil para o havaiano que se começou a desinteressar do surf competitivo e caiu do CT. Em vez de tentar a sua sorte no QS ou de falar com o seu patrocinador sobre a direcção a seguir, Kalani desapareceu do mapa, trocando as photo trips, que poderiam ter ajudado a manter a sua imagem na indústria por treinos boxe nas montanhas com o ex-campeão mundial, Oscar de la Hoya. Quando o contrato chegou ao fim a FOX não renovou e Kalani assinou um acordo mais pequeno com a Hurley, que durou apenas dois anos. A partir daí Robb nunca mais conseguiu ter um main sponsor, apesar de ter algum apoio de marcas como GoPro e CatchSurf. Numa entrevista à revista Surfer o ex-wonder boy do surf mostrou-se muito arrependido de não ter gerido melhor a sua carreira.

Shane Herring

Herring era a resposta australiana a Kelly Slater. Durante alguns meses Shane até teve mais sucesso que o norte-americano pois venceu o Coke Classic e liderou o circuito mundial durante meses. Mas a falta de estrutura do surf profissional na época e uma má escolha de quiver foi o seu fim. Shane surfava muito mas gostava muito de festa, o que não sempre é uma mistura de sucesso. Tudo o que é em excesso acaba mal e menos de dois anos depois de ter ocupado o lugar de topo do ranking o australiano estava fora do tour. Pouco tempo antes tinha assinado um contrato chorudo com a marca Hot Tuna, o que lhe permitiu continuar o seu lifestyle decadente até entrar num ponto sem retorno como profissional. Shane nunca fez um comeback e a sua carreia foi um clássico caso de “too much, too soon”.

https://vimeo.com/113239998

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