Um pouco antes das 9 da manhã já o primeiro heat do último dia do Allianz Ericeira Pro estava na água. As ondas aparentavam ter melhorado em relação ao dia anterior, mas a maré, ainda um pouco cheia neste arranque, não ajudava.
Mesmo assim o aproveitamento superior de onda de Vasco Ribeiro deu-lhe uma clara vantagem sobre Miguel Blanco, que mesmo assim foi quem esteve mais ao alcance de o bater neste último dia de prova. Logo de seguida foi Gony Zubizarreta que só teve de manter o ritmo dos dias anteriores para também vencer uma bateria em que Luca Guichard não conseguiu responder na mesma “moeda” e perdeu.
As ondas foram melhorando ao longo da manhã e no heat 3 Zé Ferreira conseguiu dar bom uso às condições para mostrar o melhor surf até aí. Batidas a soltar o tail e carves fortíssimos foram a receita para a vitória, mostrando potencial para vencer a etapa. Marlon Lipke nunca foi grande fã de Ribeira D’Ilhas e apesar de ter feito um surf de backside muito afiado foi insuficiente para acompanhar o seu adversário, e terminou a precisar de uma combinação.
Outro goofy que encontrou dificuldades neste dia em que as ondas estavam mais fáceis de surfar de frontside foi Francisco Alves. Já o vencedor desta etapa no ano passado, Tomás Fernandes, dominou por completo a bateria com uma leitura de onda que só os locais têm.
Seguiram-se as meias finais femininas em que a maiores surpresas foram as eliminações de Francisca Santos e Keshia Eyre, enquanto que Ana Sarmento, Carina Duarte, Teresa Bonvalot e Camila Kemp garantiram-se na final.
A primeira meia final era, on paper, um dos melhores heats do campeonato até agora e nem Vasco Ribeiro nem Gony Zubizarreta desiludiram. O galego residente na Ericeira, Gony, foi quem abriu com uma onda em que conseguiu dar uma série de rasgadas de rail, para receber a nota de 6,50. Vasco respondeu, pouco depois, com uma onda parecida mas uma das suas “curvas” foi fortíssima e a finalização foi melhor, o que lhe deu a nota de 8 pontos. Pouco depois fez uma onda parecida, mas um pouco mais explosiva, recendo 8,5. Zubizarreta respondeu com algumas ondas fortes mas no fim precisava de 9 pontos. Nos últimos minutos Vasco tinha prioridade e a liderança e não deixou o seu adversário afastar-se muito. Gony ainda apanhou uma onda mas com pouco potencial enquanto que Vasco terminou o heat com um aéreo arriscado que não entrou na sua média mas colocou os adversários ainda em prova “em check”.
A outra meia final seria uma repetição da final do ano passado, mas desta vez Zé Ferreira, pelo surf que apresentou nos heats passados, surgia como o favorito. Apesar disso Tomás arrancou bem nesta bateria, com uma onda muito bem surfada e com um bom tail slide na secção quase seca do “ali bábá”. Mas as duas primeiras ondas de Ferreira foram tudo o que precisou para garantir a vitória e uma justa presença na final.
A final feminina foi praticamente dominada por Ana Sarmento desde os primeiros minutos. Ana já tinha provado que aqui é sempre uma forte candidata à vitória e tudo indicava que a taça seria sua. Mas os últimos minutos não a beneficiaram, não só Carina Duarte e Teresa Bonvalot atacaram a sua liderança e conseguiram pontos suficientes para a passar como ainda cometeu uma interferência, terminando assim em quarto lugar atrás de Camila Kemp. E foi Carina Duarte quem ficou com a vitória, com Bonvalot em segundo. Teresa assim mantém a liderança do ranking mas a disputa pelo título final promete ser muito equilibrada.
A final masculina coincidiu com as melhores ondas e melhor maré da prova até aqui, com sets de um metro a aparecerem pela primeira vez. Zé Ferreira foi fortíssimo no início do heat e ao fim de poucos minutos Vasco encontrava-se a precisar de uma combinação. Mas isso verificava-se apenas por ainda não ter apanhado qualquer onda de consequência. Quando apanhou a primeira onda com potencial saiu da combinação, ficando a precisar de uma nota perto dos 9 pontos para passar para o primeiro lugar.
Foi quando a final chegou a meio que foram surfadas as ondas que definiram o resultado final. Vasco foi o primeiro a apanhar uma onda de um dos melhores sets que entraram até então e logo na primeira manobra garantiu uma boa nota. Mesmo assim seguiu-a de um forte carve, algumas batidas e uma boa finalização. Na segunda onda do set vinha Zé Ferreira que, mesmo não tendo manobrado tão no outside como o seu adversário, também começou com uma grande curva, um carve fortíssimo a rasgar desde o lip. O resto da sua onda foi surfada com a explosão que tinha mostrado em todos os outros heats, com fortes batidas a soltar a prancha toda. Ainda antes das notas terem saído, Vasco apanhou outra onda que surfou na perfeição (vê a onda AQUI). Essa onda deu-lhe 10 pontos e a anterior 9,25 e enquanto que Zé “apenas” recebeu 9 pontos, ficando assim em combinação. Pouco depois Zé respondeu com outra onda muito bem surfada que poderia tê-lo retirado da combinação, mas não conseguiu acertar a última manobra e recebeu 8.8 pontos em vez de um 9 alto que precisava. Outras ondas foram surfadas mas nenhuma tinha o mesmo potencial e Vasco Ribeiro assim quebrou o seu jejum de vitórias, que já durava mais de um ano, ao mesmo tempo que assumiu a liderança do ranking.
Assim terminou a segunda etapa da Liga MOCHE, o Allianz Ericeira Pro, com alguns dos melhores confrontos do últimos anos. A próxima etapa será o Sumol Porto Pro, realizada entre 9 e 11 de Maio no Porto.
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