Perú “rouba” Ouro a Portugal no último dia do ISA World Surfing Games!
A performance da selecção das quinas, composta por Guilherme Fonseca, Pedro Henrique, Eduardo Fernandes e Jácome Correia nos homens, e Teresa Bonvalot e Carol Henrique nas mulheres, ao longo da última semana foi brilhante, e desde muito cedo que Portugal esteve no topo ou na liderança deste ISA. E é por isso que, apesar de sermos vice-campeões do mundo, um excelente resultado, este foi também um dia de alguma forma pesado e onde tudo o que havia para correr menos bem, infelizmente, aconteceu!
Para este último dia tínhamos três surfistas no evento principal, Bonvalot, Fonseca e Pedro Henrique. Foi Bonvalot quem abriu as hostilidades, começando o seu heat com uma paulada forte, uma rasgada e um último reentry mas que não completou. Mesmo assim, a portuguesa conseguiu um 7.83 pois as duas manobras completas foram realmente poderosas e técnicas. Tia Blanco e Dominic Barona, também goofies, não quiseram ficar atrás da portuguesa e atacaram as direitas também com muita força e precisão, conseguindo notas na casa dos 6 e 7 pontos respectivamente. Apenas a francesa Justine Dupont estava com os scores mais baixos que a média nesta fase.
A quatro minutos do fim, Bonvalot encontrava-se em terceiro a necessitar de uma nota na casa dos quatro pontos e com prioridade. Em primeiro estava Barona e em segundo a medalha de ouro do ISA o ano passado, Tia Blanco. O tempo passava e o mar alternava entre o flat e os close outs. Para grande azar de Bonvalot, e todo o Portugal, o mar ficou flat e não deu uma única oportunidade à portuguesa. Uma derrota pesada pois como estava a surfar, Bonvalot merecia uma hipótese. O caminho de Bonvalot não terminaria pois ia para as repescagens e poderia ainda ir à finalissíma.
O campeonato prosseguiu depois com o evento principal masculino e no heat estavam os dois portugueses, Guilherme Fonseca e Pedro Henrique, assim como o venezuelano Francisco Bellorin e o local Noe Mar McGonagle. Noe Mar, medalha de ouro do ISA no ano passado, usou todo o seu conhecimento local para se posicionar o melhor possível e rapidamente construíu um sólido score de 13.50. Guilherme abriu o score para os portugueses com uma nota média de 4.93 graças a uma esquerda com algumas rasgadas. A esta juntou uma direita onde já soltou mais o seu surf e que lhe valeu um 5.87 pontos e o segundo lugar do heat nesse momento. Henrique apanhou uma esquerda que não colaborou para, ao sair desta, ver uma onda perfeita para o venezuelano Bellorin, que não vacilou em fazer uma nota quase excelente, um 8.17. Guilherme melhorou a sua posição com duas manobras fortes para a esquerda, recebendo um 6.73, mas logo de seguida, Bellorin encontrou uma longa direita onde encaixou uma série de rasgadas e pauladas para receber um 9.00 e deixar os restantes surfistas numa situação muito complicada. Pedro Henrique encontrava sérias dificuldades em sintonizar-se com as ondas, e as que apanhou não foram mais do que meros close-outs. Noe Mar não gostou de passar para segundo e rapidamente fez uma esquerda que não lhe deu o primeiro, pois precisava quase de um 10, mas colocou os portugueses numa situação ainda mais difícil pois o local melhorou o seu score ao receber um 7.70. Com esta nota, deixou Pedro Henrique a precisar de combinação para segundo, e Fonseca a precisar de um 8.48. A boa notícia é que mesmo ao ficarem em terceiro e quarto, os portugueses iriam para a repescagem o que significava que o Ouro era ainda possível!
O começo do último dia do ISA WSG tinha sido, sem dúvida, o pior cenário para Portugal mas as suas performances nas repescagens podiam perfeitamente apagar este início complicado.
Teresa Bonvalot entrava novamente na água para competir no derradeiro heat das repescagens femininas, e de certeza que estava mais do que determinada em apagar o azar do último heat. Bonvalot tinha pela frente Justine Dupont e Pauline Ado da França, e Melanie Giunta do Perú, ambas as selecções que podiam roubar o Ouro a Portugal. Este foi o heat mais parado de todo o evento! Com apenas sete minutos para terminar apenas 4 ondas tinham sido surfadas. Giunta fez um ponto, Dupont um 6.33 e um 3.57, e Ado uma nota média. Bonvalot continuava à espera de uma onda boa enquanto as francesas mudaram de tática e começaram a apanhar tudo o que mexia mais no inside. A sua estratégia resultou acabando ambas por melhorar os seus scores, principalmente Ado que meteu um 7.33 no seu score graças a uma direita que abriu bem. O cenário era cada vez pior para Portugal. A 5 minutos do fim, Bonvalot apanhou uma onda que acabou por ser um close-out. A frustação foi óbvia tal como todos nós a sentimos também ao assistir ao vivo. Com apenas uma nota de um ponto, Bonvalot necessitava de um 8.91 para poder voltar ao evento principal. As francesas continuaram a dominar a praia de Jacó e a dois minutos do fim, Bonvalot tinha uma tarefa muito complicada. Bonvalot ainda apanhou uma esquerda sem grande potencial mas a frustação já era compreensivelmente visivel. O heat terminou com Ado a encontrar mais uma direita de sonho para as condições que estavam – que lhe valeu um 9.00 -, e o heat terminou com as francesas a passar para a grande final. Portugal, e Bonvalot, sofriam assim uma pesada derrota com a eliminação daquela que estava a ser, sem sombra de dúvidas, o grande destaque do evento feminino.
O heat feminino foi de tal forma lento que a organização colocou o evento on-hold durante uma hora! A selecção portuguesa teve assim 60 minutos para reajustar agulhas pois o próximo heat seria o de repescagem dos homens e onde Guilherme Fonseca e Pedro Henrique tinham a última hipótese de seguir para a finalissíma!
O evento recomeçou com vento onshore e aos dois portugueses, Pedro Henrique e Guilherme Fonseca, juntavam-se Lucca Messinas do Perú e Leandro Usuna da Argentina no derradeiro heat das repescagens. Messinas começou o heat forte com um 7.50 ao qual juntou um 6.17, e Usuna aproveitou para fazer a sua primeira onda e dizimar uma direita que lhe valeu uma nota quase perfeita, um 9.20! Os “gringos” do heat não pararam de apanhar ondas, Messinas melhorou o seu score com uma direita muito longa e que encheu de pauladas e carves, recebendo um 7.17, enquanto Usuna, sem prioridade, apanhou uma esquerda onde não extrapolou mas rasgou de backside com muita água no ar e terminando com uma paulada na junção, garantindo uma nota de 7.27 para melhorar a sua posição substancialmente! A 11 minutos do final, esta era a pior situação possível para Portugal.
Depois de um bom período sem ondas, e com os portugueses com prioridade um e dois, Usuna agarrou uma direita e disferiu nova combinação de pauladas, carves e um blow tail na junção com muita água no mar. Resultado? Um 8.50. Fonseca e Henrique continuavam com proridade a aguardr os sets, e cada vez mais parecia seguirem o mesmo caminho de Bonvalot.
Pedro Henrique apanhou a sua primeira onda com potencial e depois de uma rasgada, um blow tail e um lay back voltou a ter hipóteses de conseguir o segundo lugar pois conseguiu um 6.40, ficando a precisar de um 8.28. Infelizmente faltava pouco mais do que um minuto e era preciso um verdadeiro milagre para colocar um dos dois portugueses na final. Esse milagre não aconteceu e a prestação nacional terminou no ISA World Surfing Games com o cenário que ninguém desejava ver acontecer!
É dificil dizer até que ponto o factor sorte/azar existe numa campeonato de surf, principalmente por ser um desporto que vive literalmente das mudanças de humor da Natureza, mas quem assistiu a este último dia do ISA tem de admitir, quer queira quer não, que foi um dos dias mais azarados da História dos três surfistas portugueses.
Depois da vitória de Tia Blanco que ganhou assim a sua segunda medalha de Ouro, e da vitória do argentino Leandro Usuna no masculino, que conquista também a sua segunda medalha de ouro, e contas finais feitas, Portugal acabou a edição deste ano do ISA World Surfing Games em 2º lugar, sem dúvida um resultado excelente para o nosso país e que iguala o resultado do ano passado!
Toda a selecção nacional e equipe está de Parabéns pelo inacreditável trabalho feito! PARABÉNS PORTUGAL!
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