Esta última semana em Jeffreys Bay teve um progresso inesperado e ao mesmo tempo como que “abençoado”. Nos primeiros dias estava contente porque me sentia totalmente de férias. Agora estou não só de férias como apareceu uma oportunidade de ter uma experiência nova que me ensinou um novo ofício e me preencheu como eu não achava que fosse possível. O swell parecia não querer ajudar, a previsão de ondas nos próximos dias era quase nula.

Como disse no post anterior, ofereci-me para ajudar um Inglês que conheci numa noite de copos. Chama-se Mickey, tem 42 anos e desde que se reformou da Força Aérea Inglesa anda a fazer voluntariado por África a gastar do seu próprio dinheiro e a pedir ajuda a quem puder ajudar. Esta semana estava a fazer uma obra numa creche com 56 crianças dos 1 aos 5 anos, que fica em plena favela, ou Township, como são chamadas as favelas na África do Sul.

A primeira vez que passei na Township em direcção à creche, não queria acreditar no que estava a ver: a maioria das casas eram autenticas barracas, feitas de lata ou madeira, cheias de lixo por todo o lado e com umas condições de higiene terríveis. Vacas, cães, mendigos e burros, todos com uma coisa em comum, deambulam pela Township. O factor comum entre todos é serem esqueléticos, não têm qualquer tipo de gordura, faz alguma impressão.

A obra era construir um recreio numa cresce, de forma a que as educadoras pudessem estar com as crianças dos 1 aos 3 anos num sítio, e dos 3 aos 5 anos noutro (dentro da sala/recreio e vice-versa). A cresce, que até há um ano era um barracão de lata, tinha já sido construída por voluntários Brasileiros, mas à volta era tudo sujidade, pedras, terra e lixo até perigoso.

O recreio foi construído em cimento e tinha cerca de 15 metros quadrados. Eu nunca tinha trabalhado com cimento, não tinha qualquer noção de como seria. Como não tínhamos praticamente quaisquer materiais, todo o trabalho teve que ser feito à mão. Desde carregar toneladas de gravilha, misturar com o cimento e água a alisar, foi tudo novo para mim. Foi bastante duro, mas sinceramente no fim acabou por não custar nada pois a recompensa foi tão grande que parece que nem tínhamos feito nada.

Foram 4 dias a trabalhar com calor e muito peso, mas a partir de agora as 56 crianças têm um sítio para brincar. Foi das melhores experiências que tive até agora, nunca vou esquecer o momento em que vi as crianças brincarem lá fora pela primeira vez! Fico orgulhoso de ter feito parte deste pequeno projecto.

Além de ter tido oportunidade de ajudar, pude ter o privilégio de passar bastante tempo com as crianças, o que me deixou não só feliz, mas concretizado e surpreendido, pois são crianças que não têm absolutamente nada, cuja mensalidade da cresce custa 11€ ( se quiserem ajudar, perguntem-me como..)

e no entanto estão constantemente a sorrir. Sempre disponíveis para brincar e a pedir atenção e carinho. O que mais pediam era colo e abraços, para além de fotografias!

Acompanha a viagem de Fernando Costa pelo mundo em http://portugalaroundtheworld.blogspot.pt/

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